segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Afinal, Porque Umbanda?

Esse final de semana me perguntaram porque estou na Umbanda.
Respondi na hora, porque tenho fé. E isso me basta...

Porque a Umbanda traz Luz sob as Trevas, Amor sob o Ódio, Esperança sob o desespero.

Me peguei a noite refletindo o porque estou na Umbanda, e me lembrei de toda a minha caminhada nesta encarnação, até agora... Minha primeira gira, o primeiro transporte, a primeira entidade que cambonei, a primeira entidade que incorporou... Me lembro também das noites de desespero com as viagens astrais, as dores das incorporações, os choros de agonia pela dor alheia, todo aquele aperto no peito... 

Aí me lembrei de todas as pessoas que sentaram nos tocos que cambonei, agradecendo. De todas as lições que aprendi. De todos os sorrisos que me arrancaram da face quando meu coração chorava. Me lembrei de todos os que foram salvos. Que tiverem corpo, mente e espíritos salvos.

Me lembrei de quando, logo após sair da casa de minha mãe, a Cabocla do Sol e da Lua foi dar uma consulta. Uma mãe sentou chorando a sua frente, pois sua filha havia saído de casa. E percebi a dor que eu estava causando a mulher mais importante da minha vida, minha mãe.

Me lembrei das brigas constantes com minha mãe, das palavras ríspidas, me coloquei no lugar de uma mãe. 
A Umbanda tem esse poder.
De nós colocar em nosso lugar. De ver que as vezes nossos sofrimentos são insignificantes frente aos problemas alheios.

Na Umbanda aprendi que mais que corpo, existe uma alma, um perispírito que precisa ser cuidado, zelado.

Que tudo é um. Que tudo é UNO. Que todos somos UM. Uma Banda. Um grupo. UMBANDA.

Aprendi alí dentro de uma gira, a colocar meus pés descalços no chão. Humilde. Sem saltos, sem tênis, sem marcas. Aprendi a tirar as marcas de roupas, e colocar as marcas de Amor.


Mas, além de tudo aprendi que a dor é relativa. Como o tudo na vida é. 

Para mim perder um emprego hoje não causaria desespero, para outros causaria. Uma traição para uns é imperdoável, para outros desesperador, para outros ainda é libertador. A Umbanda me ajudou a relativizar meus problemas, olhá-los de longe e ver saídas...

Ouvindo alguns pontos cantados, refleti a Vida.

Ouvindo os atabaques, retumbou em meu coração, me fez vibrar.

A Umbanda me trouxe outro olhar sob o mundo todo.
Outro olhar sob as guerras, o medo, a miséria humana.
Não olhar de pena como eu sentia antes, mas, um olhar compreensivo, determinado a fazer o que puder para tornar esse mundo melhor...

Mas, e para você: Porque Umbanda? 



E deixo vocês hoje com um ponto que ao meu ver, reflete muito da Umbanda.:

"Pai Akuan, Guerreiro de Ogum. Nossa corrente é de ferro é de Aço, com Alma e coração. Elos batem no compasso da fé, elos batem no compasso do Amor. Não há demanda ou despacho sob a Luz da sua Proteção."

Saravás!



O céu em nós...


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Boiadeiros


A vós, minhas crianças...

“Boiadeiros falam de Amor, de Vida, de Paixão, de Saudade.

De fé, de determinação, de verdade, de liberdade, de compaixão.
Boiadeiros falam a verdade da Vida.

Da vida sozinha, sofrida, longe dos seus.
Boiadeiros trazem no peito o choro da ausência,
A dor da partida. A tristeza da solidão.

Mas, trazem também a alegria do reencontro,
As lágrimas da felicidade incontida guardada.
Boiadeiros trazem em seu bolso patuás e mandingas,
Em seu peito cruzado, seu chicote está.

Com suas ervas fortes curam e quebram feitiços.
Boiadeiros valorizam cada minuto do sol que lhes queima,
Cada gota de chuva que umedece o chão,
Que marca a estrada.

Boiadeiros valorizam o caminho... Ah, o caminho.
O caminho que conduz a boiada,
O caminho que o trás de volta pra casa em segurança.
Boiadeiros...

Força de vontade, Liberdade e Determinação.
Nada mais os designa, nada mais digno os representa.”

Curitiba, 13/02/2017 – 20:00
Pelo espírito de Dona Maria do Laço – Boiadeira da Umbanda
Psicografado por Carla Braga


domingo, 5 de março de 2017

Preceitos!


PRECEITOS DENTRO DA LEI DA UMBANDA

    Segundo o dicionário define-se assim: “ PRECEITO: Do Latim Praceptum: É aquilo que se aconselha fazer ou praticar; regra, ensinamento: os preceitos da religião. Ação de prescrever; prescrição. Religião. Norma ou mandamento. 
”

    Os preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o umbandista numa dinâmica mais profunda com sua espiritualidade. Muitas vezes pode parecer até purgativo e quanto mais difícil parecer um preceito, mais eficácia reflexiva ele oferece ao médium. Mas, é na proibição daquilo que lhe é rotineiro em função de algo maior, que surge a reflexão sobre a diferença entre o Sagrado e o Profano, sobre sua capacidade de dedicação e comprometimento, sobre a sua disponibilidade em ser mais eficiente e mesmo sobre a real importância da religião na sua vida.

    Numa ótica litúrgica, os preceitos têm, portanto, o objetivo que religar (religare) o médium com o Sagrado.

    No entanto, como na Umbanda existem questões mais complexas, pois consideramos o plano das energias, então os preceitos contemplam as particularidades que viabilizam a maior sutilização e purificação do campo energético e magnético daqueles que participam do trabalho espiritual.
    Os preceitos servem para todos que compõem o corpo interno de trabalhadores da Gira, ou seja, médiuns, cambones, curimba e todos com qualquer outra função que estejam participando diretamente do trabalho espiritual. Portanto, somente os consulentes estão livres das orientações preceituais.

Irei detalhar os preceitos mais comuns...

1) Cuidar dos Pensamentos, sentimentos, mantê-los elevados e sem conturbações – Pode parecer que esse preceito seria o mais fácil, porém ele é o mais difícil de se seguir. Alguns médiuns já devem ter percebido que em dia de gira tudo acontece para tirar nosso centro, nosso foco. Os espíritos de baixa vibração fazem absolutamente de tudo para que os médiuns não cheguem as suas casas. Aparecem problemas surgidos do fim do mundo... Pessoas para te atrapalhar, e tirar a sua concentração. Nestes momentos devemos firmar nossos pensamentos em ideais de amor, paz, fraternidade para que nos reconectemos ao plano superior.

2) Não ir a bares, ambientes profanos ou locais onde ocorram brigas e discussões – Estádios de futebol por exemplo.
Porque cargas da água não posso ir a um barzinho se não vou beber, ou a um estádio??? Vocês podem achar que esse preceito é totalmente sem lógica, mas, ele é totalmente lógico uma vez que nos lembramos que somos feitos com matéria sutil, e esta pode ser roubada, e o principal: infectada com larvas astrais presentes nestes ambientes. Estes locais são um prato cheio para espíritos de baixa vibração. São locais preparados para absorver a energia em equilíbrio dos seres viventes e sugar toda a sua essência para os fins mais obscuros possíveis.

*Obs: Trabalho em um ambiente profano ou de constante briga e discussão. O que fazer? 
Converse com a hierarquia para confeccionar uma guia específica para ser utilizada nesses ambientes.

3) Não consumir carne vermelha  – Não comer carne vermelha 24 h antes do trabalho espiritual (mínimo 24h). Tem como objetivo minimizar os impactos vibratórios densos mais internos ocasionados pela ingestão destes alimentos. A carne é impregnada de energia densa, por conta do sangue, muitas vezes do sofrimento no abate e criação. Sua digestão também é lenta e isso altera nosso metabolismo e faz concentrar muita energia na digestão. Após 24 h nosso campo energético já terá metabolizado este alimento e o magnetismo e energias terão retomado o padrão;

4) Não Ingerir Álcool ou drogas – O elemento etílico é potencialmente densificador vibratório e magnético, impregnando o campo áurico de uma energia desestabilizadora. Após ingerir bebida alcoólica desde que moderadamente, demora cerca de 24h para ser metabolizado pelos chakras e para que o padrão vibratório se restabelecer; O mesmo acontece com as drogas que nos desestabilizam, causam um topor ou euforia. Atuando diretamente no plexo cerebral, impede que as energias fluam e que o trabalho das entidades ocorram de maneira eficaz.
Caso se beba em demasia esse prazo aumenta, podendo chegar a 72h.

5) Relação Sexual – Evitar relação sexual 24 h antes dos trabalhos. Muitos questionam que se praticam o sexo com parceiro fixo, cheio de amor, então deveria ser revisto este preceito. Esta idéia tem como precedente uma visão errada do sexo de que seria ele algo nocivo. Mas não se trata nada disso.  A observação deste preceito se dá, pois, com ou sem amor, na relação sexual o campo energético em todas as escalas é inundado pela energia do parceiro, alterando completamente a estrutura magnética do seu campo vibratório, o que dificulta a fusão magnética entre as entidades e os indivíduos. Após 24 h já terá sido metabolizado e restituído o padrão magnético do indivíduo.


6) Banho de Ervas – Antes de ir para o Templo, tem como objetivo limpar e sutilizar o campo energético em camadas mais superficiais. Cada orixá tem uma série de ervas específicas. Iremos detalhar mais sobre os banhos em um post específico.

Carla

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ah.... Saravá.


"Estava na beira do rio sem poder atravessar, chamei pelo caboclo, Caboclo Tupinambá. "

Hoje me peguei pensando em minha caminhada pela Umbanda. De quantas casas entrei e saí. De quantos tocos eu sentei chorando, que quantas vezes eu percebi que a casa em que eu estava já não acalentava meu coração.
Muitas vezes senti que não estava fazendo a diferença ali dentro.
Que minha presença era insignificante perante as entidades que estavam trabalhando na casa; 
Depois de algum tempo percebi que isto era somente o meu ego, por ver entidades trabalhando tão belamente.
Me lembrei de quantas vezes já chorei no toco do Seu Tupinambá, e de quantas vezes pedi perdão pelas burradas que eu fazia.
E mais uma vez ele veio me iluminar, e nesta ultima consulta ele me lembrou novamente que a única coisa que destrói um médium e sua vaidade.
É a vaidade em se achar o maior, o melhor.

Lembreme-nos que somos apenas instrumentos nas mãos das entidades.
Estamos em uma casa para fazer o bem "sem olhar a quem", literalmente.

Saravá ao Sr. Tupinambá!

30/10/13

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quem são os Exus?


São a policia do astral, como alguns dizem. São a diligência do Supremo. E nisto eu acredito.
São entidades de uma luz imensa, de uma sabedoria inigualavel.
Não, eles não fazem o mal. Eles, sim, cumprem o carma.
Ou por acaso, ainda temos a idéia de que o mal que fazemos não será cobrado, que ele será esquecido? Aquela máxima que diz: Aqui se faz, aqui se paga é mais que correta. Nenhuma ação que cometamos fica sem uma reação. è próprio do universo e das leis da física uma reação.
Neste contexto que lhes digo, que os exus estão aqui para que se faça cumprir estas reações.
Os Exus, estes seres de extrema luz, também tiveram que cumprir seus carmas, por isso trabalham na Umbanda, eles resgatam e reparam todo o m
al que fizeram; lembro aqui que o mal, não é somente realizar o mal, é também a omissão de não se realizar o bem.

Lembro de um texto muito interessante e esclarecedor de meu Pai de Santo:

Por Leonardo Guimarães, Exu de um olho só

Já ouvimos falar que “Exú não é bom nem mau”; Ou também que “Exú não tem coração”. Há um ponto cantado que menciona “Exú de um olho só”. E o comportamento - todos sabem que os Exús falam palavrão aos montes.
Ora, espíritos sem coração, com um olho só, que falam palavrão e são capazes de fazer o mal? Não podem ser iluminados. Devem mesmo ser bizarros, demoníacos.
Nada disso. De fato, Exú não é bom nem mau, ele é justo. São o ponto de intersecção, a encruzilhada, o encontro neutro das forças. Daí se dizer terem um olho só, simbologia a demonstrar que Exú transcende a bipolaridade da condição humana. Só vê por um olho, que é o da lei de Zambi, o Criador.
Exú não faz o mal, devolve aos homens o mal por esses praticado, restabelecendo assim o equilíbrio que havia sido alterado pelo arbítrio humano.
Exú fala a língua dos homens, para ser entendido. E qual de nós não fala palavrão sem nem perceber?
Exú, portanto, é espelho, ecoa aos homens a própria torpeza humana. Nada mais do que isso. Se Exú não tem coração, é porque não pode mesmo ter, até porque se fossem emotivos não poderiam ser executores do karma como o são.
Vejamos uma lenda sobre Exú. Havia uma estrada que dividia quatro fazendas, cujos fazendeiros eram amigos. Certa vez, passou um homem por essa estrada, que sobre a cabeça usava um vistoso chapéu. Ao final do dia, os fazendeiros comentaram o fato. Um deles disse: “Viram o homem de chapéu verde?”. E o outro: “Verde, o chapéu era azul!” E o terceiro: “São cegos, o chapéu era preto.” E o último “vocês estão loucos, eu vi bem e o chapéu era vermelho como sangue”. E passaram a discutir. Sem que um conseguisse convencer o outro, desconfiaram-se, acusando-se mutuamente de mentirosos. Juntou gente para ver o furdúncio. Iniciavam ir às vias de fato quando lá de trás grita o homem: “Parem de brigar, estúpidos! Era eu quem usava o chapéu. Eu sou Exú, e gosto de causar confusão!”
Parece boba, mas a história é bastante instrutiva. Basta perceber que Exú nada mais fez do que passar pela estrada com seu chapéu de quatro cores, que representam os quatro elementos, a indicar que domina as forças existentes e por isso é neutro (o mesmo significado da encruzilhada). Os homens é que brigaram por si mesmos, por conta de suas próprias falhas. Caso tivessem acreditado um na palavra do outro não brigariam e poderiam decifrar a verdade. Foi a confusão de Exú que mostrou aos fazendeiros que na verdade eles não eram assim tão amigos, porque incapazes de se confiar. E Exú o que fez? Nada, somente devolveu aos homens sua própria torpeza, para que esses a digerissem e com ela aprendessem sobre a vontade de Deus. Por isso se afirma que Exú é neutro, e habita o ponto de equilíbrio entre o Céu e a Terra (Axis Mundi).
Assim é o povo de Quimbanda. Assim é Exu e “Sem Exú não se faz nada!”. Devemos entende-los para saber respeita-los ou respeita-los enquanto não os entendemos. "

quinta-feira, 5 de março de 2009

Para a apreciação! Os ciganos!


Ah! esta magia que me encanta! Saravá ao povo Cigano!


O fato do Povo Cigano não ter, até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser a respeito de sua origem está largamente baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.

A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado. E assim, os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e dizem que apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send e de onde foram expulsos por invasores árabes.

Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto. E com respeito à suas crenças, tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.

Depois de vagarem pelas Terras do Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas na história da humanidade que foi feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue. O que não se sabe ainda é se esses eternos viajantes pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia indiana (os parias) ou de uma casta aristocrática e militar, os orgulhosos (rajputs). Independente de qual fosse seu status, a partir do êxodo pelo Oriente, os ciganos se dedicaram com exclusividade a atividades itinerantes: como ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalo, saltimbancos, comerciantes de miudeza e o melhor de suas qualidades que era a arte divinatória. Viajavam sempre em grandes carroças coloridas e criaram nomes poéticos para si mesmos.

No primeiro milênio d.C., deixaram o país e se dividiram em dois ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que chegou até a Síria, o Egito e a Palestina. Existem vários clãs ciganos: o Kalê (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia). São mais de 15 milhões de ciganos em diferentes pontos da Europa, Ásia, África, América, Austrália e Nova Zelândia. Quase sempre os ciganos eram bem recebidos nos países onde chegavam. Os chefes das tribos apresentavam-se de forma pomposa, como príncipes, duques e condes (títulos, aliás inexistentes entre os ciganos). Diziam-se peregrinos cristãos vindos do Egito e, assim obtinham licença das autoridades locais para se instalarem.

Ao contrário do que muitos pensam, o Povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao longo do seu pacífico caminhar. Na Moldávia e na Valáquia (atual Romênia), os ciganos foram escravizados durante trezentos anos; na Albânia e na Grécia pagavam impostos mais altos. Na Alemanha, crianças ciganas eram tiradas dos pais com a desculpa de que "iriam estudar", enquanto a Polônia, a Dinamarca e a Áustria puniam com severidade quem os acolhesse. Nos países baixos inúmeros ciganos foram condenados à forca e seus filhos obrigados a assistir à execução dos pais para que assim aprendessem a "lição de moral". Apenas no país de Gales eles tiveram espaço para manter parte das suas tradições e a língua.

Os ciganos chegados em Andaluzia no séc. XV vieram do norte da Índia, da região do Sind (atual Paquistão), fugindo das guerras e dos invasores estrangeiros (inclusive de Tamerian, descendente de Gengis Khan) eles encontraram facilidades e estabeleceram-se. Mesmo assim, durante a inquisição católica, vários deles foram expulsos pelos tribunais do Santo Ofício. . As tribos do Sind se mudaram para o Egito e depois para a Checoslováquia, Rússia, Hungria e Polônia, Balcãs e Itália, França e Espanha. Seus nomes se latinizaram (de Sindel para Miguel; de András para André; de Pamuel para Manuel, etc.). O primeiro documento data a entrada dos ciganos na Espanha em 1447. Esse grupo se chamava a si mesmo de "ruma calk" (que significa homem dos tempos) e falavam o Caló (um dialeto indiano oriundo da região do Maharata). Eles trouxeram a música, a dança, as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do "flamenco", tanto que essa palavra vem do árabe "felco" (camponês) e "mengu" (fugitivo) e passou a ser sinônimo de "cigano andaluz" à partir do séc. XVIII.

Porém de acordo com a Tradição Cigana, a teoria mais freqüente sobre a origem do Povo Cigano, é que após um período de adaptação neste planeta, os ciganos teriam surgido do interior da Terra e esperam que um dia possam regressar ao seu lar. Existem lendas que falam que os ciganos seriam filhos da primeira mulher de Adão, Lilith, e, portanto, livres do pecado original) e por isso eles não aceitam de modo algum ser empregados dos "gadjé" (não-ciganos) e apegam-se a antigas profissões artesanais que caracterizam suas tribos e são ensinadas desde cedo às crianças.

O Povo Cigano é guardião da LIBERDADE. Seu grande lema é: "O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião", traduzindo um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas. A vida é uma grande estrada, a alma é uma pequena carroça e a Divindade é o Carroceiro.

Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas. Rotulados injustamente como ladrões, feiticeiros e vagabundos, os ciganos tornaram-se um espelho onde os homens das grandes cidades e de pequenos corações expiaram suas raivas, frustrações e sonhos de liberdade destruídos. Pacientemente, este povo diferenciado, continuou sua marcha e até hoje seus estigmas não sararam.

Na verdade cigano que se preza, antes de ler a mão, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia para o Povo Cigano não é um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino.

A família é a base da organização social dos ciganos, não havendo hierarquia rígida no interior dos grupos. O comando normalmente é exercido pelo homem mais capaz, uma vez que os ciganos respeitam acima de tudo a inteligência. Este homem é o Kaku e representa a tribo na Krisromani, uma espécie de tribunal cigano formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade, com a função de punir quem transgride, a rígida ética cigana. A figura feminina tem sua importância e é comum haver lideranças femininas como as phury-day (matriarca) e as bibi (tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte.

Esse povo canta e dança tanto na alegria como na tristeza pois para o cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã. Onde quer que estejam, os ciganos são logo reconhecidos por suas roupas e ornamentos, e, principalmente por seus hábitos ruidosos. São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade. São tão peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema.

O líder de cada grupo cigano, chama-se Barô/Gagú e é quem preside a Kris Romanis (Conselho de Sentença ou grande tribunal do povo rom) com suas próprias leis e códigos de ética e justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos. O mestre de cura (ou xamã cigano) é um Kakú (homem ou mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles usam ervas, chás e toques curativos. Os ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação (mas não incorporam nenhum espírito ou entidade). Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças.

O misticismo e a religiosidade, fazem parte de todos os hábitos da vida cigana. A maior parte deles acredita em um único deus (Dou-la ou Bel) em eterna luta contra o demônio (Deng). Normalmente, assimilam as religiões do lugar onde se encontram, mas jamais deixam de lado o culto aos antepassados, o temor dos maus-olhados, a crença na reencarnação e na força do destino (baji), contra a qual não adianta lutar. O mais importante para o Povo Cigano é interagir com a Mãe Natureza respeitando seus ciclos naturais e sua força geradora e provedora.

Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano, é a santa por quem nutrem o mais devotado amor e respeito, chamada Santa Sara Kali. Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como a Mãe Universal, a Alma Mater, a Sombra da Morte. Sua pele é negra tal como Shiva.

Para os ciganos, Sara, santa venerada, possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra. Ela distribui bênçãos ao povo, patrocina a família, os acampamentos, os alimentos e também tem força destruidora, aniquilando os poderes negativos e os malefícios que possam assolar a nação cigana. Seu mistério envolve o das "virgens negras", que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como "Saintes Maries de La Mer", transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano. y_kalism.jpg (12957 bytes)

Quase todos são devotos de "Santa Sara", que é reverenciada nos dias 24 e 25 de maio, em procissões que lotam Lês Saints Maries de La Mer, em Camargue, no Sul da França. Através de uma longa noite de vigília e oração, pelos ciganos espalhados no mundo inteiro, com candeias de velas azuis, flores e vestes coloridas; muita música e muita dança, cujo simbolismo religioso representa o processo de purificação e renovação da natureza e o eterno "retorno dos tempos".

A sexualidade é outro ponto importante entre os ciganos. E, ao contrário do que se imagina, eles têm uma moral bastante conservadora. Alguns mitos antigos falam da existência das mães-de-tribo, que tinham um marido e um "acariciador". Outros falam das gavalies de la noille, as misteriosas noivas do fim de noite, com quem os kakus se encontravam uma única vez, passando desde então, a ter poderes especiais. Mas o certo mesmo é que os ciganos se casam cedo, quase sempre seguindo acordos firmados entre as duas famílias. Não recebem nenhum tipo de iniciação sexual e ter filhos é a principal função do sexo. Descobrir os seios em público é comum e natural, mas nenhuma mulher pode mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas são merimé (impuras). Vem daí a imposição das saias compridas e rodadas para as mulheres, que também são proibidas de cortar os cabelos, e nunca sentam à mesma mesa que os homens. Ironicamente, como praticantes da magia e das artes divinatórias, são elas que cada vez mais assumem o controle econômico da família, pois a leitura da sorte é a principal fonte de renda para a maioria das tribos. O resultado é uma situação contraditória, em que o homem manda, mas é a mulher quem sustenta o grupo.

As crianças ciganas normalmente só freqüentam até o 1o. Grau nas escolas dos gadjés (não-ciganos), para aprenderem apenas a escrever o próprio nome e fazer as quatro operações aritméticas. A maioria das crianças não vai à escola com receio do preconceito existente em relação a elas. Claro que com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos, disfarçadamente, estão freqüentando as universidades e até ocupando cargos de importância na vida pública do país e já chegaram até à Presidência da República. (Washington Luiz e Juscelino Kubitshek).

moon.jpg (15955 bytes)Para o Povo Cigano, a Lua Cheia é o maior elo de ligação com o "sagrado", quando são realizados mensalmente os grandes festivais de consagração, imantação e reverenciação à grande "madrinha". A celebrações da Lua Cheia, acontecem todos os meses em torno das fogueiras acesas, do vinho e das comidas, com danças e orações. Também para os ciganos tudo na vida é "maktub" (está escrito nas estrelas), por isso são atentos observadores do céu e verdadeiros adoradores dos astros e dos sidéreos. Os ciganos praticam a Astrologia da Mãe Terra respeitando e festejando seus ciclos naturais, através dos quais desenvolvem poderes verdadeiramente mágicos.

Para uma kalin (cigana kalon), descendente desse povo, essa é uma hora em que precisamos estar atentos e vigilantes para ouvirmos uma espécie de "chamado mítico" que a dura realidade planetária está nos fazendo, e, nos unirmos em corpo e espírito com as forças maiores que regem esse universo.

Os Ciganos são "povos das estrelas" e para lá voltarão quando morrerem ou quando houver necessidade de uma grande evacuação. Há milênios eles vem cumprindo sua missão neste Planeta, respeitando e reverenciando a Mãe Natureza, trocando e repassando conhecimento. Eles pregam a necessidade urgente de pisar na superfície desse lindo "planeta água" (símbolo da emoção e da sensibilidade que preenche nossos corações) observando não só a violência praticada contra as minorias, como também os incríveis gestos de solidariedade humana mostrados via satélite ou pela Internet, na mesma velocidade da luz ou do pensamento humano, nessa era de virtualidade nem um pouco caracterizada pelas mais elementares virtudes.

OBS.: Texto retirado do site: Salves.com.br

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O que é Umbanda?




A Umbanda é a única religião totalmente Brasileira.

Tem por doutrinas:
  • A fé cristã,
  • A crença no espírito,
  • A crença na imortalidade da alma,
  • A crença na mediunidade,
  • A existência do carma e
  • A existência na reencarnação.
E por princípios:
  • A humildade,
  • A fraternidade e
  • A igualdade.
E aqui acrescento um principio que é em particular muito agregado ao terreiro que frequento:
  • Liberdade.
Os instrumentos que são utilizados dentro da Umbanda são:
  • Luz,
  • Som e
  • Movimento.
Agora falarei de ritos específicos. São ritos do Terreiro que frequento. Vale ressaltar que a Umbanda não tem código, não tem rito obrigatório, cada dirigente age de acordo com a orientação espiritual que recebeu. Uns terreiros ultilizam atabaque, outros não, uns padronizam a vestimenta, outros não, uns ultilizam guias de cristal, outros somente de madeira. Uns terreiros cutuam 7 orixás, outros 21. Esta é a diversidade da Umbanda, é isto que torna a nossa religião tão linda. Os dirigentes tem a liberdade de poder escolher o seu rito, baseados em básicos fundamentos, princípios que são seguidos por todos: Humildade, fraternidade e igualdade; seguidos não por imposição, mas por serem princípios que estão presentes dentro da alma de cada um.

Um pouco mais de nosso rito (também chamados de trabalho, gira, ou trabalho mediunico.)


Ultilizamos atabaque. As guias são normalmente de cristal, e a guia dos pretos velhos normalmente é feita de Capiá. Alguns guias tem a permissão para usar
Fundango. Os guias bebem a bebida que lhe for de agrado, a mais comum é a agua de coco. Algumas entidades utilizam vestimentas diferenciadas, é mais comumente visto nas giras de Esquerda, e na gira de Ciganos.
Ultilizamos a defumação como primeiro agente de forças do terreiro, pois ela quebra as primeiras energias que não estão tão afins com a pessoa - Aproveito o ensejo para falar que não existem energias negativas ou positivas... Em breve posto mais explicadamente o porque - após a defumação - que hoje esta sendo feita do lado de fora do terreiro,
os médiuns se agregam a corrente cantam o Hino da Umbanda, a grande Luz, Batem a cabeça (forma de saudar o local sagrado em que ele está, e forma de saudar também as entidades.), Saudamos o anjo da guarda (que é nosso próprio espírito.), logo em seguida saudamos nosso Pai de cabeça (Entidade da linha do orixá masculino regente de cada filho.), Abre-se então oficialmente a gira com uma oração feita pelo Babalaô ou pela Babalorixá. Saudamos as entidades de defesa da linha de Esquerda e seu Tranca ruas. Após chamamos a entidade do dirigente e iniciam-se as incorporações...

O terreiro (também chamados de barracão, casa ou tenda.) que eu frequento tem por filosofia:
  • Não cobrar trabalhos,
  • Não utilizar sangue,
  • Não utilizar carne,
  • Não utilizar sacrifícios animais,
  • Não fazer trabalhos que ordenem forças negativas,
  • Não fazer amarrações,
  • Fazer sempre o bem, sem olhar a quem,
  • Auxiliar todos que ali vão pedir ajuda e auxilio.
Em minha humilde opinião Umbanda é luz que ilumina a todos nós, é a fé que pulsa no coração de cada um, cristão ou não, é vida! paz, amor e acima de tudo é aprendizado!