segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Afinal, Porque Umbanda?

Esse final de semana me perguntaram porque estou na Umbanda.
Respondi na hora, porque tenho fé. E isso me basta...

Porque a Umbanda traz Luz sob as Trevas, Amor sob o Ódio, Esperança sob o desespero.

Me peguei a noite refletindo o porque estou na Umbanda, e me lembrei de toda a minha caminhada nesta encarnação, até agora... Minha primeira gira, o primeiro transporte, a primeira entidade que cambonei, a primeira entidade que incorporou... Me lembro também das noites de desespero com as viagens astrais, as dores das incorporações, os choros de agonia pela dor alheia, todo aquele aperto no peito... 

Aí me lembrei de todas as pessoas que sentaram nos tocos que cambonei, agradecendo. De todas as lições que aprendi. De todos os sorrisos que me arrancaram da face quando meu coração chorava. Me lembrei de todos os que foram salvos. Que tiverem corpo, mente e espíritos salvos.

Me lembrei de quando, logo após sair da casa de minha mãe, a Cabocla do Sol e da Lua foi dar uma consulta. Uma mãe sentou chorando a sua frente, pois sua filha havia saído de casa. E percebi a dor que eu estava causando a mulher mais importante da minha vida, minha mãe.

Me lembrei das brigas constantes com minha mãe, das palavras ríspidas, me coloquei no lugar de uma mãe. 
A Umbanda tem esse poder.
De nós colocar em nosso lugar. De ver que as vezes nossos sofrimentos são insignificantes frente aos problemas alheios.

Na Umbanda aprendi que mais que corpo, existe uma alma, um perispírito que precisa ser cuidado, zelado.

Que tudo é um. Que tudo é UNO. Que todos somos UM. Uma Banda. Um grupo. UMBANDA.

Aprendi alí dentro de uma gira, a colocar meus pés descalços no chão. Humilde. Sem saltos, sem tênis, sem marcas. Aprendi a tirar as marcas de roupas, e colocar as marcas de Amor.


Mas, além de tudo aprendi que a dor é relativa. Como o tudo na vida é. 

Para mim perder um emprego hoje não causaria desespero, para outros causaria. Uma traição para uns é imperdoável, para outros desesperador, para outros ainda é libertador. A Umbanda me ajudou a relativizar meus problemas, olhá-los de longe e ver saídas...

Ouvindo alguns pontos cantados, refleti a Vida.

Ouvindo os atabaques, retumbou em meu coração, me fez vibrar.

A Umbanda me trouxe outro olhar sob o mundo todo.
Outro olhar sob as guerras, o medo, a miséria humana.
Não olhar de pena como eu sentia antes, mas, um olhar compreensivo, determinado a fazer o que puder para tornar esse mundo melhor...

Mas, e para você: Porque Umbanda? 



E deixo vocês hoje com um ponto que ao meu ver, reflete muito da Umbanda.:

"Pai Akuan, Guerreiro de Ogum. Nossa corrente é de ferro é de Aço, com Alma e coração. Elos batem no compasso da fé, elos batem no compasso do Amor. Não há demanda ou despacho sob a Luz da sua Proteção."

Saravás!



O céu em nós...


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Boiadeiros


A vós, minhas crianças...

“Boiadeiros falam de Amor, de Vida, de Paixão, de Saudade.

De fé, de determinação, de verdade, de liberdade, de compaixão.
Boiadeiros falam a verdade da Vida.

Da vida sozinha, sofrida, longe dos seus.
Boiadeiros trazem no peito o choro da ausência,
A dor da partida. A tristeza da solidão.

Mas, trazem também a alegria do reencontro,
As lágrimas da felicidade incontida guardada.
Boiadeiros trazem em seu bolso patuás e mandingas,
Em seu peito cruzado, seu chicote está.

Com suas ervas fortes curam e quebram feitiços.
Boiadeiros valorizam cada minuto do sol que lhes queima,
Cada gota de chuva que umedece o chão,
Que marca a estrada.

Boiadeiros valorizam o caminho... Ah, o caminho.
O caminho que conduz a boiada,
O caminho que o trás de volta pra casa em segurança.
Boiadeiros...

Força de vontade, Liberdade e Determinação.
Nada mais os designa, nada mais digno os representa.”

Curitiba, 13/02/2017 – 20:00
Pelo espírito de Dona Maria do Laço – Boiadeira da Umbanda
Psicografado por Carla Braga